Estimulante, Melzinho do Amor traz riscos, mas alimentação saudável pode melhorar saúde sexual
Apesar de divulgado como 100% natural, estudo identificou fármacos que só podem ser utilizados com prescrição médica
Da Redação
24 de Novembro de 2021 às 10:30
Já ouviu falar do “Melzinho do Amor”? Trata-se de uma substância que se popularizou entre os jovens como um potente estimulante sexual. Nos homens, ele promete um efeito semelhante ao do medicamento para disfunção erétil conhecido como Viagra. Nas mulheres, ele promete aumentar a libido.
Com tantas expectativas, os sachês se tornaram um sucesso de vendas na internet e em comércios ambulantes, como na Rua 25 de março, em São Paulo.
O que é menos divulgado, no entanto, é que o produto tem em sua composição substâncias que podem causar efeitos colaterais graves e até levar à morte. É importante ressaltar que sua comercialização é proibida e ele sequer é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Sua venda, inclusive, é considerada crime desde maio 2021.
Os riscos do Melzinho do Amor foram confirmados em um estudo divulgado recentemente pelo Laboratório de Toxicologia Analítica do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Unicamp (CIATox). Foram analisados três linhas do produto da marca Power Honey, identificados pelas cores rosa, amarelo e dourado.
Todos são vendidos na forma de sachê e, segundo a embalagem, só possuem ingredientes naturais, como café, extrato de caviar, ginseng, maçã, gengibre, canela e mel. No entanto, a análise do CIATox detectou também a presença de dois fármacos encontrados em medicamentos para disfunção erétil, que só podem ser vendidos com prescrição médica: a Sildenafila e a Tadalafila.
“Começamos a escutar mais sobre esse produto nos últimos meses. Precisamos ter muita atenção porque eles não são tão saudáveis como prometem ser”, diz o médico Aristóteles Cardona, que é professor de medicina na Universidade Federal do Vale do São Francisco, em Pernambuco. “Apesar de prometerem ter apenas substâncias naturais, foram identificados medicamentos. Um deles é o Sildenafila, utilizado para pessoas com disfunção erétil. Até quando prescrevemos, avaliamos os riscos. Quando a pessoa toma a partir de um produto que não se sabe como foi preparado e qual a quantidade, isso pode trazer riscos.”
Segundo o estudo da Unicamp, entre os efeitos graves que o uso das substâncias pode causar estão ereção prolongada e dolorosa, chamada priapismo, e risco de necrose e lesão irreversível no pênis. Caso a ingestão ocorra junto com álcool ou com outros fármacos, os riscos de efeitos colaterais aumentam, entre eles tontura e dores de cabeça. O consumo é ainda mais crítico para as pessoas que têm problemas do coração, nos quais as substâncias podem causar hipotensão arterial grave e fatal.
Para evitar riscos, todo tratamento para estimulação sexual com fármacos deve ser feito com orientação médica. Ainda assim, alguns alimentos consumidos no dia a dia, que não têm contraindicações, podem ajudar a melhor a vida sexual, parte fundamental da saúde física e psicológica. É o que conta a nutricionista clinica Júlia Ramos.
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“Por meio da alimentação é possível evitar fatores prejudiciais para o ciclo sexual, como os baixos níveis de testosterona, os processos inflamatórios e a má circulação”, diz. “Existem alguns alimentos que possuem propriedades antioxidantes e estimulantes, que aumentam a produção de hormônios sexuais e melhoram a libido. O gengibre, a canela, ao alecrim, o açafrão, o morango, as castanhas, as nozes e as amêndoas estimulam o sistema circulatório, melhorando o fluxo sanguíneo. Eles podem ser ingeridos individualmente ou adicionados às refeições e não há contraindicação.”
Mas o mais importante é não acreditar em promessas milagrosas e ter a atenção redobrada com a origem, o registro e a comprovação dos produtos.
“Uma grande dica é ter muito cuidado. Quando mais milagres um produto prometem, mais a gente deve ficar atento. Uma segunda orientação é pesquisara sobre os produtos, se eles são aprovados pela Anvisa. Uma outra dica é analisar a composição quando a gente tem acesso a ela. Se não tiver fiscalização e se não forem produtos aprovados a gente tem que pensar várias vezes antes de nos expormos”, concluí o médico Aristóteles.
Edição: Sarah Fernandes (Brasil de Fato)
Editor: Robson Silva (Rádio Aki 1)